Já era tarde da noite, lá pelas 23:45, quando Rafinha Bastos encarou Maria Gabriela de frente.
Ou teria sido o contrário?
Bem, em pouco menos de 45 minutos de entrevista Rafinha abordou todos os assuntos e temas, sem fugir ás polêmicas. Jogou luz sobre a conturbada saída da Band e fez um balanço destes agitados últimos meses. É curioso lembrar que á exatos 1 ano, em 24 de Março de 2011, Rafinha era "condecorado" com o título de "perfil mais influente do twitter" pelo NY Times. De lá pra cá ... muita coisa mudou.
Sim .. ele chorou durante a entrevista, como noticiamos aqui (aos 25 min).
Mas não .. este certamente não foi o ponto alto da entrevista.
Qual seria então? Eu respondo. A cunha.
Cunha é um "instrumento de ferro, cortado em ângulo sólido e que serve para rachar lenha, fender pedras". Algo parecido com isso:
"Fincar a cunha" é uma metáfora, uma gíria que significa marcar posição, estabelecer patamares .. enfim .. definir, delimitar, demarcar, galgar.
E esse pra mim foi o tom que perpassou a entrevista.
Á todo momento, Rafinha Bastos foi pressionado por Maria Gabriela á reconhecer que errou. Não esperaria algo diferente de um bom entrevistador.
Contudo, quanto mais a pressão se intensificava, mais ficava clara e cristalina á forma de pensar do gaúcho.
Uma ou outra contradição? Sem dúvidas. Não ficou muito clara a história do suposto email para Marcus Buaiz, tão pouco seus efeitos.
Um bucadinho de "marketing pessoal"? Idem. O discurso de "defesa da classe" conferia-lhe um certo papel de destaque e liderança que a própria Gabi procurou desqualificar.
Há contudo um ponto irrefutável: você pode concordar ou não com ele, com seu estilo e suas piadas. Mas não pode negar que, de fato, ele vive e age de acordo com aquilo em que acredita.
Convicção ou arrogância? Bem ... você escolhe.
E afinal: ele de fato errou? Isso é o que menos importa.
O Humor na TV, como vocês puderam acompanhar, deu especial destaque à cobertura deste caso.
Mais que isso, defendeu de forma convicta a premissa de que o debate sobre os tais limites do humor, só poderia se dar numa atmosfera ampla e irrestritamente livre. E que se de fato houvesse a necessidade de demarcar linhas e limites .. que coubesse à nos, o público, o direito de usar o giz.
Ou a cunha.
E o que se viu ontem foi precisamente isto. Alguém respondendo de forma muito lúcida por seus atos, discutindo em alto nível questões importantes e, principalmente, fincando cunhas quanto àquilo que ele concebe como humor.
A resposta do Humor na TV á entrevista de ontem é: PARABÉNS!
Se valeu á pena ou não bater o pé e enfrentar este tsunamis de críticas .. só o tempo dirá.
Se a cunha resistirá firme no terreno .. ninguém sabe.
Vocês concordam? Discordam? Perfeito. Discutam, escrevam, filmem, gritem, denúnciem, processem. Finquem as cunhas!
Mas não corroborem com a tese da censura, da "geladeira" ou do "jeitinho". Este não é o caminho.
Afinal, o debate só cresce na divergência, no contraponto. Nunca no silêncio.
Afinal, o debate só cresce na divergência, no contraponto. Nunca no silêncio.
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