Se alguém ainda tinha alguma dúvida, o especial “Uma Dupla Quase Dinâmica”, exibido na noite de quarta-feira, confirma que Alexandre Frota e o SBT foram feitos um para o outro.
Diretor de projetos especiais na emissora, Frota conseguiu levar adiante a ideia de transformar um quadro que apresenta em “A Praça É Nossa”, em parceria com Tuca Laranjeira, num programa com vida própria.
Escrito, dirigido e interpretado por ele mesmo, “Uma Dupla Quase Dinâmica” procurou fazer uma paródia de um programa que já era um escracho – o colorido seriado “Batman e Robin”, com Adam West e Burt Ward, exibido na televisão no final dos anos 60.
Como tantos outros produtos estrangeiros que o SBT copiou, plagiou ou recriou em seus 30 anos, “Uma Dupla Quase Dinâmica” descaracterizou os elementos principais do “Batman” original, sem perder, no entanto, contato com a fonte de inspiração.
A suspeita de que Batman e Robin formavam um casal gay no seriado da década de 60 virou deboche nas mãos de Frota. Dick Grayson, o menino-prodígio, virou Gayson, o menino-prestígio, adotado pelo Cavaleiro Negro, um homossexual rico e afetado.
O casal formado pelo “Sr. e Sra. Morcego”, como se apresentam, enfrenta crises de ciúmes no meio das batalhas contra os vilões de Night City – seres bizarros inspirados no Pinguim e seus asseclas. A Swat, enviada pelo Comissário Gordão, sempre erra o caminho e se perde em alguma balada gay da cidade.
A certa altura, o rubi gigante, objeto do desejo de todos, é roubado por um cangaceiro e a dupla quase dinâmica se vê obrigada a invadir Virgulinoland. Começa um tiroteio e Frota, também narrador da história, explica: “O bom nos nossos conflitos é que tem muito tiro, mas ninguém morre”.
Nada faz sentido no delírio de “Uma Dupla Quase Dinâmica” – um delírio, diga-se, visual, dramatúrgico e de interpretação que nenhuma outra emissora brasileira teria a coragem de mostrar. Dei muitas risadas durante o especial. Vida longa a Frota no SBT.
[COMENTÁRIO: Alguém além de mim e do Stycer assistiu? Pois bem. Sinceramente, achei a edição, a luz e a cenografia bem acabados, o que é algo surpreendente em se tratando de SBT. Tive a impressão de que houve a preocupação em fazer bons enquadramentos, enfim .. acuro, esmero, sabe? Por várias vezes, efetivamente, parecia mais um filme que um programa do SBT. Agora quanto ao roteiro e a história em si ... nenhum elogio. Achei fraco, muito calcado nesta temática gay (o que dá um ar meio caricato). Definitivamente, o cuidado demonstrado com as imagens não se repetiu no enredo. Humor de trocadilho, atuações sofriveis .. uma coisa meio "bobinha", mambembe. Enfim ... tinha sim um ar de devaneio. Mas não o sufuciente para superar as imensas carências de roteiro. Acho que foi bem melhor do que se esperava, mas ainda tem muito à melhorar]
E pra quem não sabe, o Frota já tem uma certa experiência como direior e roteirista. Quem ai lembra de "Turma do Gueto"? Um programa que, pra mim, marcou época ..
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