Sabe aquela da grávida que entrou no elevador e deparou com o Rafinha Bastos? A cena, que seria prosaica, vira piada impublicável na boca do gaúcho Rafael Bastos Hocsman, de 35 anos. Rafinha, como prefere ser chamado, é o humorista que aviltou as grávidas ao dizer que manteria relações sexuais com a cantora Wanessa Camargo, então gestante, e com seu filho. A brincadeira custou-lhe o emprego na Band, onde apresentava o CQC, e relegou-o ao papel de vilão. Rafinha não se desculpa, não se arrepende e diz que não há limites para o humor – inclusive, a grosseria. Ainda assim, está de volta. Diz que manterá o estilo polêmico na versão brasileira de Saturday night live, que estreia neste domingo na Rede TV!. Em junho, irá ao ar no canal a cabo FX com outro programa, A vida de Rafinha Bastos.
ÉPOCA – Já o chamaram de arrogante. Segundo o dicionário, arrogante é sinônimo de insolente, atrevido, ousado e...
Rafinha Bastos – Você entrevistou meu pai? Olha, algumas dessas características são minhas, mas respeito os outros. Meu trabalho na televisão deixou isso claro. Sempre tive conexão com o público. Sou bem recebido quando faço matéria, entro na casa das pessoas. Se um jogador de futebol diz que vai destruir o outro time, se um lutador de vale-tudo diz que vai acabar com o oponente, ninguém os chama de prepotentes. Se assumo uma postura ofensiva, passo a ser malvisto.
ÉPOCA – Arrepende-se de ter dito que teria relações sexuais com a cantora Wanessa Camargo, que estava grávida, e o filho dela?
Bastos – Esse episódio é bobagem. Não fiz absolutamente nada errado. Não matei ninguém. Não bati em ninguém. Fiz na TV o que faço no palco. Naquela situação, havia material instigante para comédia. Não considerei que fui defenestrado. Não vou chorar porque, sei lá, vazaram minhas fotos pelado na internet. Não tenho tempo para isso. O comediante Tracy Morgan, da série 30 rock, disse que, se o filho dele virasse homossexual, ele o esfaquearia. Foi processado e se desculpou. Eu nunca faria isso. É contra a natureza do trabalho. O humor precisa de liberdade. É agressivo, ácido, carrega arrogância e desrespeito.
ÉPOCA – Não é necessário fazer um julgamento moral sobre se é certo brincar com agressão sexual, antes de fazer uma piada?
Bastos – Não. Minha medição é se é ou não engraçado. Posso falar da minha família ou da sua, se for engraçado. Mas tem de ser no lugar certo. Não sou o tipo que se senta à mesa e diz: “Estupraria sua mulher, ô meu tio”. Não sou um sociopata. Sou um comediante que acha graça em coisas pesadas. Fiz piada sobre estupro. Quem divulga diz: “Rafinha fala por aí que mulher feia tem de ser estuprada”. É uma descontextualização. Falei num ambiente de desconstrução: o palco. Quem diz isso não pensa: “Calma, ele é comediante. Será que pensa realmente essas coisas?”. Vou perder a graça se virar um puritano e medir o que falo. Isso aconteceu com Eddie Murphy e Adam Sandler, superastros dos palcos que mudaram. Não vou mudar. Humor e limites não têm a menor ligação.
COMENTÁRIO "Humor e limites não têm a menor ligação". Será?
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