Como uma série de 2005 e que parou de ser produzida à apenas 2 anos pode já ter se tornado um clássico da TV Brasileira? Díficil dizer. Mas sem dúvidas, "Todo Mundo Odeia o Cris" é o programa símbolo e sinônimo do fim de tarde. Virou até brincadeira entre os colegas lá do trabalho: quando alguém passa férias em casa, perguntamos se "foi boa a soneca da tarde?; viu Todo Mundo Odeia o Cris"?
É bom lembrar que nem toda série americana "pega" no Brasil. No entanto, aquelas que "pegam" acabam muitas vezes se tornando "coringas" na programação das emissoras .. ideal pra cobrir buracos. Não é isso o que o SBT faz com "Um Maluco no Pedaço", "Arnold", "Visões de Raven"? A lista é longa ..
Outro ponto. Nesse horário não há quase nada de interessante na TV, a menos que você tenha alguma predileção por tragédia e morte. É aquele programinha que você põe só por falta de opção. São apenas 88 capítulos, mas mesmo sem ser um viciado em tv você provavelmente já viu a maior parte deles.
Acho que é mais ou menos isso que torna um seriado um clássico: um horário fixo, mesmos capítulos que você assiste várias vezes ... acaba rolando uma simpatia, uma identificação ... que se reverte em boa audiência.
Mas verdade seja dita: a série é boa.
Além de ser bem escrita e narrar os dilemas que todo moleque passa á partir de uma certa idade (primeiro emprego, primeira namorada, etc), outros temas como bullying, violência, pobreza e racismo são abordados de forma bem bacana.
A professora de Cris, senhorita Morello, é um bom exemplo.
Recoberta de "nobres" intenções, a professora por diversas vezes protege e releva certos comportamentos de Cris simplesmente por supor que ele é muito pobre, ou por ter uma mãe drogada ... o que não acontece de fato. A senhorita Morello nos mostra uma outra face do preconceito: quando algúem considera o negro "coitadinho", inferior. Tão deplorável quanto o misto de bullying e racismo do valentão Caruso. Aliás, na década de 80 alguém sabia o que era bullying?
Enfim. Uma série bacana que tem um humor leve para todas as idades. Arranca boas risadas com cenas simples e clichês. Faz do menos, mais.
Talvez faça mais sucesso aqui no Brasil do que nos EUA.
Aliás, ao perceber que uma série secundária nos EUA faz tanto sucesso no Brasil, fica a pergunta: por que é tão dificil fazer uma série bacana por aqui?
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