"Porta dos Fundos" é um termo da informática que se refere à falha de segurança em um software que permite a invasão de vírus. Também é o nome do programa mais engraçado que está no ar.
Só que esse programa não é exibido por nenhuma emissora de TV, e sim num canal do YouTube ligado aos sites "Kibe Loco" e "Anões em Chamas". E já é um dos maiores fenômenos do ano, com quase cinco milhões de visualizações em pouco mais de um mês.
O elenco conta com nomes conhecidos dos telespectadores, como Fábio Porchat e Gregório Duvivier. Ambos participavam do extinto "Junto e Misturado", que teve uma única temporada exibida pela Globo em 2010.
A segunda temporada teve suas gravações interrompidas ano passado, depois que a emissora avaliou que o estilo de humor do programa era "sofisticado" demais para atrair grandes audiências.
"Porta dos Fundos" segue uma linha parecida, tanto nos textos quanto nas interpretações. Só que com muito mais liberdade, usando palavrões e situações politicamente incorretíssimas que dificlmente teriam espaço na TV aberta.
Claro que não há unanimidade na resposta do público. Algumas pessoas acham que o "Porta dos Fundos" é um pouco carioca demais. As muitas referências a peculiaridades do Rio de Janeiro podem passar batidas para os espectadores de outros lugares.
E Antonio Tabet, o criador do "Kibe Loco", já foi acusado de plágio inúmeras vezes. Tantas que deu origem à gíria "kibador", sinônimo de quem veicula material criado por outros sem sequer citar as fontes.
Mas, apesar das controvérsias, o "Porta dos Fundos" só cresce. Dois novos esquetes são lançados por semana, às segundas e quintas-feiras, além de uma compilação toda primeira segunda do mês. A qualidade da produção impressiona: são mais bem acabados que muitos números do "SNL" (Rede TV!), por exemplo.
Quem é que está bancando a brincadeira toda? O canal começou sem patrocínio algum. Mas já protagonizou um "case" de marketing viral ainda maior que a "Gina Indelicada".
Um dos vídeos de maior sucesso do "Porta" surgiu com o nome "Fast Food", e satirizava o mau atendimento numa famosa cadeia de restaurantes. Que nem precisou ter o nome citado para ser facilmente identificada pelos internautas: tratava-se do Spoleto, especializado em comida italiana.
A empresa poderia ter entrado com um processo, ou simplesmente ignorado a gozação. Mas soube reverter o placar a seu favor: entrou em contato com o pessoal do "Porta" e encomendou uma continuação. E ainda mudou o nome da primeira parte para "Spoleto". Sucesso ainda maior.
O canal soube apaziguar um cliente sem abrir as pernas. Agora deve atrair mais anunciantes. É aí que mora o perigo: se começar a fazer humor "a favor", o "Porta dos Fundos" perderá toda a graça. Mas por enquanto ainda é o programa mais engraçado do Brasil, na TV ou fora dela.
Assista os programas na íntegra:
COMENTÁRIO Bacana o texto Tony. Concordo plenamente com sua avaliação e acho que vale á pena fazer uma pergunta básica: por que algo que se torna o maior sucesso da internet acaba se tornando um retumbante fracasso na tv aberta? É simples. São veículos diferentes, públicos diferentes. Não é somente uma questão de "liberdade da internet x conservadorismo da tv aberta". Mas passa sobretudo por uma constatação das mais simples: tv aberta não é lugar para improviso, amadorismo ou experimentação. Em suma ... com tanta grana em jogo .. não é lugar pra brincadeira. Que pena.
Imagine esse aqui passando no SBT, depois de Carrossel ..
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