Anônimos ou famosos que participam de reality shows procuram, sempre, convencer o público que estão sendo autênticos. Nem sempre conseguem, mas jamais vão admitir que estão “interpretando” um personagem num programa deste tipo. É a morte. Para ver alguém fingindo, fazendo um papel, vamos assistir a uma novela ou a um humorístico.
“Mulheres Ricas”, por conta dos seus problemas de concepção, escalação, direção e roteiro, fugiu a esta regra. Definido no site da Band como um “docu-reality”, nada tem de documentário nem de reality. Parece muito mais um “Zorra Total” feito por alunos de uma escola de teatro.
Cinco mulheres se dispuseram a ser filmadas em situações artificiais, criadas especialmente para o programa, e estimuladas a agir como “ricas” e “divertidas”. Algumas se empolgaram mais, outras menos.
O mal estar provocado pelos dois primeiros episódios levou Val Marchiori a tentar explicar: “As pessoas não entendem que é um programa de televisão. Nele, nossas vidas são infladas. Aquilo não acontece todos os dias. É um personagem.”
Brunete Fracarolli deu declaração semelhante, algumas semanas depois: “Está sendo muito divertido gravar o programa. Lá, somos personagens”.
Uma diferença entre um reality show e um programa de humor é que o público ri do primeiro por causa da graça involuntária oferecida por seus participantes e não porque o redator quis fazer o espectador rir.
Estranhamente, esta regra também não se aplica a “Mulheres Ricas”. Em diferentes momentos do reality da Band, as participantes deixam claro para o público que estão tentando entreter e divertir quem as assiste. “Fale alguma coisa engraçada”, parece pedir o diretor. Como não são humoristas profissionais, o esforço resulta canhestro.
Pegue três mulheres, ricas ou não, sem nenhuma intimidade entre elas, e as coloque no meio do Caminito, em Buenos Aires, como o reality fez como Val, Brunete e Narcisa Tamborindeguy na última semana. Ou reúna quatro em torno de uma mesa de um restaurante argentino em São Paulo, como esta semana ocorreu com Val, Brunete, Lydia Sayeg e Débora Rodrigues.
Não vai acontecer nada de interessante. Mas, como as câmeras estão ligadas, elas são obrigadas a “desempenhar”. E saem falando bobagens, exageros, tudo com o objetivo de se mostrarem “ricas”, “engraçadas”, “felizes”.
Para fazer um personagem é preciso algum conhecimento de artes dramáticas, o que nem Brunete nem Val dispõem. Narcisa, um pouco mais experiente com os holofotes, até entende melhor deste assunto, mas parece fora de forma, sem o “timing” que já mostrou em outros momentos. Mal dirigida, resulta quase sempre sem graça.
Quem escolheu Débora Rodrigues para este programa, possivelmente, estava desesperado diante das muitas recusas que recebeu. Não faz sentido nenhum. Já Lydia Sayeg talvez seja a melhor intérprete em “Mulheres Ricas”. Ao menos, é a única que me convence, às vezes, do papel de rica que está vivendo no programa.
COMENTÁRIO Mauricio. Entendo a sua frustração. Contudo, não dá pra dizer que não fomos avisados. A própria Val já declarou que é "tudo armado". Ou seja, não só as situações, mas os papéis e as falas das participantes são partes de um roteiro. Na crítica que fiz anteriormente sobre o programa, também me lamentei sobre a chance incrível que a BAND está perdendo de fazer muito interessante e relativamente inédito. Paciência.
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