8 de fev. de 2012

O sucesso de “Mulheres Ricas”: bom mesmo é rir MUITO da cara delas

NINA LEMOS - ESTADAO


“Ria junto com as pessoas comuns. Ria com as pessoas que riem da sua cara”

(Jarvis Cocker, Common People)

“Eu amo a Val”. Um amigo escreveu isso outro dia no twitter. Ei, como assim? Ele, politicamente atuante, falava de Val Marchiori, a pessoa-personagem mais famosa e absurda do programa “Mulheres Ricas”, o reality da Band que ofuscou o BBB e a novela das nove. Narcisa, Brunette, Débora, Lydia e Val são as divas do momento.

Amamos e odiamos as mulheres que tratam cachorro como gente, tomam banho de champanhe e jogam na nossa cara O TEMPO TODO que elas PODEM tudo. Porque são ricas. Muito ricas. Ricas para caramba.

Odiamos por motivos óbvios. Elas riem da nossa cara ao falar coisas do estilo “andar de carro é coisa de pobre”. Espera! Muitos de nós, telespectadores, nem temos carros. E dá muita raiva ver alguém falar que merece ser tratada como um diamante quando sabemos que, se mudarmos de canal, veremos imagens de famílias sendo tratadas na porrada (Pinheirinho é só o caso mais chocante e mais recente). Somos tratados como lixo. Quem essa pessoa acha que é para ser um diamante, quem? Narcisa Tamborindeguy, rica.

“Caipirinha na minha festa nem pensar, decreta Val”. Caipirinha é coisa de pobre. Espera, será que a gente é masoquista por assistir um programa onde uma perua maluca fala que a nossa bebida de sempre (na verdade, poder tomar uma caipirinha é um luxo) é coisa de pobre? E se for? Vamos ficar sendo chamadas de pobres, pobres, pobres? Ok. Somos pobres, suas loucas. E daí?

E é aí que entra a graça. Amamos “Mulher Ricas” porque podemos rir MUITO da cara delas. Elas riem da nossa cara quando falam essas coisas que poderiam nos humilhar. Gargalham da cara do país inteiro, na real. Mas, nas nossas casas, rimos da CARA DELAS. No twitter ( o melhor lugar para ver televisão) um concurso de piadas entra em ação cada vez que o programa é exibido. Falamos mal das roupas delas. Dos erros de português e alguns sentem até algum apego por alguma das personagens. Por que será? Provavelmente porque elas nem parecem de verdade.

E o circo fica maior. E elas mais ridículas, quando começam a brigar entre si no twitter (jogada de marketing, provavelmente) ou falar mal uma da outra em entrevistas. “Olha como elas são loucas”, pensamos. Dane-se se são ricas. São malucas, cafonas e nem parecem de verdade. Dizem que é errado rir da cara dos outros. Mas no caso das “Mulheres Ricas”, que ostentam tanta compra-compra-compra e dinheiro-dinheiro-dinheiro na nossa cara, ah, é merecido, sim. E quem ri por último ri melhor. Yeah!!!

RAPIDINHO Ah Nina ... eu super entendi seu ponto de vista. Por esta perspectiva, rola um certo equilibrio das coisas ... elas riem de nós, nós rimos dela. Beleza. O problema é que, quando terminar o programa, eu ainda vou ser pobre ...

Sacou? E agora: quem riu por último de verdade?

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