3 de jan. de 2012

MULHERES RICAS (PARTE I) - "Autêntico como a fachada da Daslu: Mulheres Ricas parece promoção de empreendimento imobiliário"

MAURICIO STYCER - UOL BLOGOSFERA


[RAPIDINHO: O assunto hoje (como não poderia ser?) será o "Mulheres Ricas", reality show que estreiou ontem na Band. A primeira parte será esta análise do colega Mauricio Stycer, críticio da UOL. A segunda parte, será de outro colega, Tony Góes, para o F5 Folha. E a terceira e última parte será a minha análsie aqui para o Humor na TV. Recomendo que vocês leiam todos para que, ao fim, possam tirar suas próprias conclusões]

Depois de assistir ao primeiro episódio de “Mulheres Ricas”, sugiro um acréscimo à famosa frase atribuída a Joãosinho Trinta. Ficaria assim: “Pobre gosta de luxo, quem gosta de miséria é intelectual – e quem gosta de exibir riqueza bom sujeito não é”.

Eis a ideia central do programa que a Band começou a apresentar nesta segunda-feira: ver até que ponto um grupo formado por ricas, ex-ricas e querendo-ser-ricas têm coragem de expor a própria imagem em situações constrangedoras, falando bobagens, fingindo gastar dinheiro e simulando felicidade.

Dirigido por alguém competente, com um mínimo de malícia, “Mulheres Ricas” poderia ser um divertimento fascinante. Infelizmente não foi o caso. Ficou bem longe disso, aliás.

O primeiro episódio teve a aparência de um filme institucional destinado a promover o lançamento de um grande empreendimento, um misto de shopping center, prédios residenciais e casas de luxo.

Provocadas, as cinco participantes não deixaram pedra sobre pedra e deram show de extravagância e de frases feitas. Tudo tão autêntico quanto a fachada da Daslu, que imita uma “Villa” italiana.

“Ser rico é uma delícia. O rico tem obrigação de gastar”, explicou a joalheira Lydia Sayeg. “Ter um cabeleireiro só para mim é a realização de um sonho”, revelou Val Marchiori sobre o sujeito que vive à sua disposição, “24 horas por dia”.

“Minha família é de uma origem muito boa, rafinada”, contou Narcisa Tamborindeguy, refinando o português. “A Sissi pensa que é gente”, observou Brunete Fracaroli oferecendo água mineral no copo para o seu maltês.

Mais surpreendente que a vaidade das protagonistas de “Mulheres Ricas” foi a disposição exibida por alguns coadjuvantes de partilhar os seus dotes com o público.

Gente como o maitre do restaurante Gero, que levou pessoalmente uma refeição ao apartamento de Val, ou o marido de Debora Rodrigues, que falou da felicidade de ter casado com uma mulher que apareceu na capa da “Playboy”, ou ainda o namorado de Narcisa, um conhecido jornalista, apresentado por ela como um gênio, para não falar do coitado que Brunete disse ser “um dos meus braços direitos”.

Não posso deixar de observar que a Band mais uma vez mostrou todo o respeito pelos horários de sua grade. Programado para estrear às 22h20, “Mulheres Ricas” foi ao ar doze minutos antes, às 22h08, assim que a novela “Fina Estampa” terminou na Globo. Coisa de país rico, desenvolvido.

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